
Desde tempos imemoriais, o azeite e a azeitona fazem parte das tradições do nosso concelho.
O azeite é o ingrediente tradicional mais usado na nossa gastronomia que serve de base ou tempero de muitas iguarias, como por exemplo na doçaria tradicional.
A instalação da fábrica União Industrial Lda, em 1860, criadora do Azeite Gallo, afirmou Abrantes como região produtora de azeite por excelência, em articulação com os pequenos produtores.
Abrantes assumiu-se como plataforma logística entre o Ribatejo, a Beira, o Alentejo e a capital e foi também no nosso concelho que se instalou uma parte substancial da indústria portuguesa do azeite e de equipamentos oleícolas. Ao longo do século XX, as Fundições do Rossio e a Metalúrgica Duarte Ferreira produziram os mais modernos equipamentos de extração de azeite.

Também a CUF, em Alferrarede, publicitou o Foskamónio como o adubo por excelência para o olival, tendo sido a maior produtora europeia do seu tempo.
E as empresas Jesuíno Ferro e Simão & C.ª fabricaram as seiras e capachos de cairo, usadas nos lagares.
Atualmente, Abrantes conserva a tradição da olivicultura, através da apanha da azeitona e do seu fabrico tradicional.
Para além da continuidade da Fábrica do Azeite Gallo ainda se manter em Abrantes, ainda laboram lagares de azeite e a Sifameca — Sociedade Industrial de Fabricação Mecânica de Seiras e Capachos preserva a tradição da arte da produção das seiras e capachos, em Mouriscas, que até meados do séc. XX eram produzidos em esparto.
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Sem esquecer a nossa Oliveira do Mouchão, a mais antiga de Portugal, com mais de 3.350 anos, que pode ser apreciada no lugar de Cascalhos, na freguesia de Mouriscas.

Com o passar dos tempos, os processos da apanha da azeitona e da sua transformação em azeite foram-se alterando.
Há 30 anos atrás, por alturas de novembro, os campos enchiam-se com grupos de pessoas – os chamados ranchos -, que chegavam a vir dos nossos vizinhos Alentejo e Beiras para a apanha da azeitona. Hoje, as formas de apanha da azeitona são diferentes, mais mecanizadas, mas o azeite continua a ser o ingrediente mais usado na gastronomia da região, sendo a base ou o tempero principal de muitas das nossas iguarias gastronómicas.

Mas ainda temos no nosso concelho alguns locais onde o processo de transformação de azeitona é mais artesanal. A Coagriolimo – Cooperativa Agrícola de Olivicultores das Mouriscas é um daqueles locais que se contam “pelos dedos das mãos” onde o processo ainda é todo artesanal, com a moagem da azeitona a ser feita nos capachos. Aqui, respira-se azeite! Até as máquinas antigas são lubrificadas com o azeite que fica de um ano para o outro.
Sem azeitona, não há azeite. O ouro líquido, intimamente ligado à cultura portuguesa, tradição que foi herdada pelos nossos antepassados há muitos séculos atrás e que continua no tempo.
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